Chamamos de realidade, a princípio, tudo o que existe “de verdade”, ou seja, tudo o que existe no “mundo real”, ou ainda, o que existe em nosso mundo, este no qual vivemos. E para nós, o que é que existe “de verdade”? Tudo aquilo que captamos com nossos sentidos. Tudo o que podemos ver, tocar, ouvir, etc. E, é importante ressaltar, tudo o que podemos captar através dos nossos sentidos, e que todas as outras pessoas podem captar também, desde que estejam com os sentidos funcionando em perfeitas condições.
Falo isso, pois existem alguns ditos “distúrbios psicológicos”, que fazem nossos sentidos captarem imagens ou sons, por exemplo, que outras pessoas não podem ver ou ouvir. De modo que se eu tiver um amigo imaginário que eu veja todos os dias e converse comigo sempre, por mais que eu o tome por “real”, a opinião comum e geral, jamais vai considerá-lo como um ser existente que faz parte da realidade.
Da mesma forma, disse “tudo o que existe no mundo real”, no “nosso mundo”, porque ninguém pode negar que os personagens dos contos de fadas existam, porém existem apenas no “mundo da imaginação”, no “mundo da fantasia”. Isso porque jamais alguém, em tempo algum, pôde captá-los através dos sentidos no mundo – vê-los, tocá-los, conversar com eles, interagir com eles – a menos que tivesse um daqueles “distúrbios” psicológicos. Separamos então claramente em nossa mente “mundo real” de “mundo da imaginação”. Mas serão os limites desta fronteira tão claros assim?
4 comments:
Abraços, cara.... gosto do seu blog... Alias, já está no meu...
Esse tema é controvérso demais.. Nossa.. realidade, verdade, sentidos... puxa....
Parece que suas observações trazem em seu bojo uma visão clara da separação entre o estatuto do sujeito e o objeto, que no conceito de intersubjetividade contemporâneo, já não nos dá uma noção clara de nada disso.
Entre o que nossos sentidos nos trazem de sensações e nosso salto intelectivo para compreende-las existe o que Merleau-Ponty e Husserl chamaram de percepção. É na percepção que reina a mediação entre o sujeito e objeto, constituindo a intersubjetividade. A consciência em contato com um objeto o vê como outro sujeito e não mero objeto como queria Descartes.
Um objeto carregado de sentidos (que subjazem nele, fazendo-o outro sujeito) em choque dialético com outro sujeito que o percebe intencionalmente, carregando-o de sentidos próprios. A realidade, concebida positivamente, pouco se manifesta nessa relação de mundianidade.
Por outro lado você parece nos dizer que a verdade/realidade se constitui numa experiência sensorial confirmada pela coletividade pressupondo perfeitas condições de nossos sentidos...
Primeiro que esse "perfeitas condições" é uma instância da mais controversa, e José Saramago nos mostra de forma brilhante em seu Ensaio sobre a Cegueira. Foucault tambem nos traz em sua História da Loucura conceitos dos mais pertinentes sobre isso. Essas "perfeitas condições" são arbitrárias e históricas e nada nos garanta que elas sejam o fiel da balança que nos diga que o que estamos vendo seja real, mesmo que haja confirmação de tantas pessoas quais forem...
Nietzsche tem uma frase fantástica: "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música" (Nietzsche)
São apenas reflexões, grande abraços, parabéns pelo Blog.
Miranda
http://miranda-filosofia.blogspot.com
http://relexus.ning.com
Nossa, mal tenho conseguido acompanhar as postagens! Preciso ser mais rápida pra comentar! :)
Enfim, sobre o post de hoje, cada texto que você tem compartilhado só leva à reflexões no sentido de perceber exatamente o quanto esse "limite", essa "fronteira" é impossível de se traçar. Se fantasia é realidade e realidade fantasia, onde fica a fronteira? Se a cada exame mais detido dos componentes dessa nossa "realidade" nos deparamos com a pura fantasia, como definir isso?
Totalmente pertinente, os questionamentos e proposições, além do complicador "registro de algo na mente-imagem", na imaginação.
Os indios americanos, principalmente da América Latina e Central, Não conseguiram ver as caravelas dos conquistadores. O único barco que estava regisrtrado nos seus cérebros eram pequenas canoas. Os Cavalos com os conquistadores eram um monstro para esses índios...Não havia até então registro destas imagens, por isso impossível vê-las como eram de fato, menos ainda o que aquilo significava.
A imaginação e suas fantasias é tudo o que temos.
A realidade é relativa e subjetiva.
Continue alimentando a nossa imaginação...Parabéns.
Epicuro.
O que é a realidade? Não está óbvio. Está limitando sua apreensão do mundo a partir de seus sentidos? E a metafísica? Com certeza percebemos que há algo fora de nós que é real. Sua existência é indubitavelmente real. O que pode estar equivocado é a nossa compreensão do real,mas, não sua existência. Admitindo sua existência e minha capacidade de percebe-la posso também compreende-la. Mas essa incompreensão do real e do irreal é im problema pós-moderno que tem cura é só querer.
Um dos problemas da filosofia hoje é esse.
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