"Esse eterno devir nunca acaba? De hora em hora o ponteiro avança, para retornar seu caminho depois das doze" - Nietzsche
O tempo não é, como costumamos pensar, linear. Com um princípio e um fim.
Se assim fosse, restariam sempre algumas perguntas irrespondíveis, como "De onde veio o mundo"? "Qual o princípio de tudo?" E é nessa lacuna que as pessoas, em geral, encaixam aquele fantasma-curinga: Deus. Mesmo a ciência com seu Big Bang, deixa ainda espaço para que se pergunte: Sim, mas e aquela bolinha primordial, densa e quente, que viria a explodir e dar origem ao Universo, de onde veio?
Essas confusões se devem à crença num tempo linear. O Tempo é cíclico. Não teve, portanto, um começo, nem terá um fim. É eterno, infinito para trás e infinito para frente.
Impossível? Não, questão de costume. Há algum tempo atrás, pensava-se que o planeta Terra era plano. Que se fôssemos andando em frente, despencaríamos no horizonte. Hoje sabemos que não é assim. Sabemos que a terra é redonda e que se formos andando sempre em frente, não caímos, damos a volta e assim infinitamente. Sem encontrar o início, nem encontrar o fim.
Assim também é com o tempo. Demoramos muito a descobrir que a Terra é redonda e agora estamos demorando muito a descobrir que o Tempo é redondo.
As teorias mais sofisticadas do próprio Big Bang (Big Bounce), já admitem que após a tal explosão (que na verdade é só mais uma de muitas que já existiram e outras que continuarão existindo), o Universo está em expansão, e que depois entrará no processo inverso, de contração, até chegar ao ponto de ser novamente uma bolinha minúscula (Big crunch), que explodirá novamente, configurando galáxias, planetas, sistemas, como tempos hoje, e assim por diante, infinitamente. Num tempo cíclico, perfeitamente plausível. Assim o Universo não teve um início nem terá um fim. É um movimento infinito de expansão e retração.
Encontramos um tempo cíclico também entre os pré-socráticos, os pitagóricos e algumas tradições hindus, além de no próprio Nietzsche, com seu Eterno Retorno.
Que tal nos acostumarmos com a idéia? O Tempo é redondo. Sem Deus no princípio e nem "julgamento" final.
16 comments:
E todas minhas boas ações pra ir pro céu? :P
Pra mim as coisas ainda tem q ter um começo! hahahaha Costume ou não, funciono assim! Ao menos por agora! Vai q um dia vc me convence :P
e a vida? é cíclica? onde ela entra dentro da "regra universal" dos ciclos? e a mente, é cíclica? voltamos ao 12 e depois reencarnamos no 0?
Você quer mesmo saber ou só está desabafando?:
"""Sim, mas e aquela bolinha primordial, densa e quente, que viria a explodir e dar origem ao Universo, de onde veio?"""
Pra sua informação, a matéria é resultado da energia, e não op contrario. Essa sua idéia está contaminada com os preceitos materialistas da era iluminista que se opunha ao misticismo e a credulidade do clero sobre a massa, e objetivava lhe diminuir o poder.
Desprezamos muita sabedoria por conta de uma cinecia cega e estupida, arrogante...
mesmo Einstein ja evidenciou que a matéria é quem provem da energia.
e o que é a energia? simples: imagine o nada: ilógico
impraticavel, o nada não é o que permite o todo. a energia provem daí.
sem mistério.
Vida...Morte...Vida...
Sim, há um ciclo em tudo, sem dúvida...para mim.
Essa é uma teoria mais simples e fácil de entender para quem quer voltar ao passado e viajar no tempo.
Quem sou eu?
Como o diz Fernando Veríssimo, depende...
Na loja sou cliente, para o governo; contribuinte, nos meios de transporte; passageiro, para os candidatos; eleitor, já nos comícios e manifestações sou massa,
Quando não pago minhas dívidas; inadiplente, quando alguém me deve; sou credor, quando morro sou finado, defunto e para os malandros e bandidos não passo de presunto, para os espíritas sou desencarnado, para os amigos; um santo, para os inimigos já fui tarde.
Para o rádio; sou ouvinte, para o Silvio Santos: sou telespectador, caso eu esteja vendo seu programa ao vivo; sou auditório, para os políticos sou mesmo é otário, para meu filho; sou pai, para a esposa sou marido, para a afilhada sou padrinho, para os filhos dos meus pais sou irmão. Bem acho que chega, não sei em quem acredito, sou chamado por tantos nomes e me sinto ninguém.
Epicuro.
Tem um selo para vc em meu Blog.
Abraços,
Luciane
http://isso-ou-aquilo.blogspot.com/2009/01/premio-dardos.html
O que Nietzsche quis dizer com Eterno Retorno não é a mesma coisa que diziam os estóicos nem os cosmólogos contemporâneos nossos. O Eterno Retorno era, para Nietzsche, uma direção ética, uma forma de dar sentido à existência. Não que ele acreditasse que tudo na nossa vida de fato aconteceria de novo, mas se pensássemos que sim, teríamos um ponto de partida para nossas ações. Se o Eterno Retorno fosse real, não poderíamos escolher o que fazer, pois já teríamos escolhido em algum momento do atrás do tempo infinito, consequentemente só estaríamos repetindo escolhas que já foram tomadas. O Eterno Retorno tem que tomar um ponto de partida que é exatamente o agora para depois perguntarmos-nos: desejaríamos viver esta vida que vivemos infinitas vezes? se não, qual a vida que gostaríamos de ter? É apenas um direcionamento, não uma cosmologia.
"o tempo é redondo", adorei o comentário escrito neste post. concordo com você em cada letra.
Igor, não é cada atitude e passo seu que participa deste ciclo, mas o tempo em um todo.
as 'boas ações' que a 'igreja' impõe para os seus fiéis é um truque para que a 'vida' desse fiel passe a ser 'melhor' para o mesmo, deixando clara a idéia de um deus.
Embora entender o tempo como ciclo seja um avanço em relação a vê-lo como linha seja uma evolução, creio que ambas as visões ainda permanecem "geométricas", "corpóreas" demais...
Conclusões muito ligada ainda aos efeitos (como dizer que a terra é um plano) e condicionamentos do tempo.
Por exemplo, você afirma "É um movimento infinito de expansão e retração."... Ora, se o tempo é cíclico, em que Tempo retrair-se-á e expandirá novamente?
O mesmo para o big-bang... O vácuo em que a expansão e retração ocorreriam, que seria? Como se explicaria? Aí se diz: mas é a expansão da existência... Mas se algo se expande, se expande (aumenta de tamanho ou pelo menos tem velocidade) pra algum lugar, em algum lugar.
Refletindo a respeito, cheguei à conclusão (por ora) de que o tempo é, antes de tudo, algo dado necessariamente, se pelo menos o existir fundamental é uma verdade.
Tipo, o tempo pode, assim como tudo, ser explicado pela existência fundamental; mas, mais que isso, ele é corolário e ao mesmo tempo componente do que existe fundamentalmente.
Acredito que o caminho para se responder a essas qustões passa pela superação do caráter copóreo a que se submete nossa razão.
A concepção cíclica do Universo não significa um repassar do tempo sobre si mesmo, mas um avanço não necessariamente linear, mas progressivo. Todavia certas condições tornam possível a existência de curvas temporais fechadas no espaço-tempo e, então sim, poder-se-ia, indo sempre para o futuro, voltar-se a vivenciar momentos já passados. Mário Novello trata disso em seu livro "Máquina do Tempo" (Zahar). A possibilidade de tal coisa ser um comportamento global do Universo, que, após o "Big-crunch" voltaria não a um novo "Big-Bang", mas ao mesmo, repetindo-se indefinidamente, não é plausível, uma vez que a redução a uma singulidade destrói toda informação sobre a estrutura cósmica e, inclusive, o novo Universo que surgiria, poderia comportar-se de acordo com leis físicas inteiramente distintas das que se dão neste. No entanto, as mais recentes medidas da expansão do Universo indicam que ela será indefinida, levando a uma morte assintótica do Universo, em que o tempo deixará de passar. Isto implica também no fato de ter havido um início dos tempos, momento em que o conteúdo substancial e espaço-temporal deste Universo iniciou sua expansão. Em relação a este momento não haveria nenhum "antes", de modo que tudo teria surgido, então, sem provir de coisa alguma, sem causa e nem propósito. Não há necessidade de se supor nenhum Deus para explicar tal ocorrência. Ela foi inteiramente fortuita e poderia perfeitamente não ter se dado.
Já a algum tempo que partilho a mesma ideia. Tento desenvolver, sistematica e pacientemente (nas noites longas de insonia) o livro a que eu chamo de Infinitamente Ciclico. Mas qual caixa de pandora, quando mais me aproximo mais me afasto da tranquilidade da ignorancia ("felizes os ignorantes porque desconhecem" - da biblia). Não seria, simplesmente mais facil ser Ricardo Reis em vez de Alberto Caeiro (ver Fernando Pessoa)??
Sérgio, Coimbra-Portugal
Partilhamos da mesma ideia visto que já me acustumei sem fantasias de deus no inicio e no fim. A medida que a ciência evolui evoluimos juntos uma questão de tempo para ciência nós responder o que falta para ser respondido assim espero. Abraços!!
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