Saturday, January 10, 2009

O Tempo é redondo

"Esse eterno devir nunca acaba? De hora em hora o ponteiro avança, para retornar seu caminho depois das doze" - Nietzsche

O tempo não é, como costumamos pensar, linear. Com um princípio e um fim.

Se assim fosse, restariam sempre algumas perguntas irrespondíveis, como "De onde veio o mundo"? "Qual o princípio de tudo?" E é nessa lacuna que as pessoas, em geral, encaixam aquele fantasma-curinga: Deus. Mesmo a ciência com seu Big Bang, deixa ainda espaço para que se pergunte: Sim, mas e aquela bolinha primordial, densa e quente, que viria a explodir e dar origem ao Universo, de onde veio?

Essas confusões se devem à crença num tempo linear. O Tempo é cíclico. Não teve, portanto, um começo, nem terá um fim. É eterno, infinito para trás e infinito para frente.

Impossível? Não, questão de costume. Há algum tempo atrás, pensava-se que o planeta Terra era plano. Que se fôssemos andando em frente, despencaríamos no horizonte. Hoje sabemos que não é assim. Sabemos que a terra é redonda e que se formos andando sempre em frente, não caímos, damos a volta e assim infinitamente. Sem encontrar o início, nem encontrar o fim.

Assim também é com o tempo. Demoramos muito a descobrir que a Terra é redonda e agora estamos demorando muito a descobrir que o Tempo é redondo.

As teorias mais sofisticadas do próprio Big Bang (Big Bounce), já admitem que após a tal explosão (que na verdade é só mais uma de muitas que já existiram e outras que continuarão existindo), o Universo está em expansão, e que depois entrará no processo inverso, de contração, até chegar ao ponto de ser novamente uma bolinha minúscula (Big crunch), que explodirá novamente, configurando galáxias, planetas, sistemas, como tempos hoje, e assim por diante, infinitamente. Num tempo cíclico, perfeitamente plausível. Assim o Universo não teve um início nem terá um fim. É um movimento infinito de expansão e retração.

Encontramos um tempo cíclico também entre os pré-socráticos, os pitagóricos e algumas tradições hindus, além de no próprio Nietzsche, com seu Eterno Retorno.

Que tal nos acostumarmos com a idéia? O Tempo é redondo. Sem Deus no princípio e nem "julgamento" final.

16 comments:

Anonymous said...

E todas minhas boas ações pra ir pro céu? :P
Pra mim as coisas ainda tem q ter um começo! hahahaha Costume ou não, funciono assim! Ao menos por agora! Vai q um dia vc me convence :P

Rafael Mnja said...

e a vida? é cíclica? onde ela entra dentro da "regra universal" dos ciclos? e a mente, é cíclica? voltamos ao 12 e depois reencarnamos no 0?

Anonymous said...

Você quer mesmo saber ou só está desabafando?:

"""Sim, mas e aquela bolinha primordial, densa e quente, que viria a explodir e dar origem ao Universo, de onde veio?"""

Pra sua informação, a matéria é resultado da energia, e não op contrario. Essa sua idéia está contaminada com os preceitos materialistas da era iluminista que se opunha ao misticismo e a credulidade do clero sobre a massa, e objetivava lhe diminuir o poder.

Desprezamos muita sabedoria por conta de uma cinecia cega e estupida, arrogante...

mesmo Einstein ja evidenciou que a matéria é quem provem da energia.

e o que é a energia? simples: imagine o nada: ilógico

impraticavel, o nada não é o que permite o todo. a energia provem daí.

sem mistério.

Nicolai Pessoa said...
This comment has been removed by the author.
Anonymous said...

Vida...Morte...Vida...
Sim, há um ciclo em tudo, sem dúvida...para mim.

Unknown said...

Essa é uma teoria mais simples e fácil de entender para quem quer voltar ao passado e viajar no tempo.

Anonymous said...

Quem sou eu?
Como o diz Fernando Veríssimo, depende...
Na loja sou cliente, para o governo; contribuinte, nos meios de transporte; passageiro, para os candidatos; eleitor, já nos comícios e manifestações sou massa,
Quando não pago minhas dívidas; inadiplente, quando alguém me deve; sou credor, quando morro sou finado, defunto e para os malandros e bandidos não passo de presunto, para os espíritas sou desencarnado, para os amigos; um santo, para os inimigos já fui tarde.
Para o rádio; sou ouvinte, para o Silvio Santos: sou telespectador, caso eu esteja vendo seu programa ao vivo; sou auditório, para os políticos sou mesmo é otário, para meu filho; sou pai, para a esposa sou marido, para a afilhada sou padrinho, para os filhos dos meus pais sou irmão. Bem acho que chega, não sei em quem acredito, sou chamado por tantos nomes e me sinto ninguém.
Epicuro.

Luciane said...

Tem um selo para vc em meu Blog.
Abraços,

Luciane

http://isso-ou-aquilo.blogspot.com/2009/01/premio-dardos.html

Anonymous said...

O que Nietzsche quis dizer com Eterno Retorno não é a mesma coisa que diziam os estóicos nem os cosmólogos contemporâneos nossos. O Eterno Retorno era, para Nietzsche, uma direção ética, uma forma de dar sentido à existência. Não que ele acreditasse que tudo na nossa vida de fato aconteceria de novo, mas se pensássemos que sim, teríamos um ponto de partida para nossas ações. Se o Eterno Retorno fosse real, não poderíamos escolher o que fazer, pois já teríamos escolhido em algum momento do atrás do tempo infinito, consequentemente só estaríamos repetindo escolhas que já foram tomadas. O Eterno Retorno tem que tomar um ponto de partida que é exatamente o agora para depois perguntarmos-nos: desejaríamos viver esta vida que vivemos infinitas vezes? se não, qual a vida que gostaríamos de ter? É apenas um direcionamento, não uma cosmologia.

Anonymous said...

"o tempo é redondo", adorei o comentário escrito neste post. concordo com você em cada letra.
Igor, não é cada atitude e passo seu que participa deste ciclo, mas o tempo em um todo.
as 'boas ações' que a 'igreja' impõe para os seus fiéis é um truque para que a 'vida' desse fiel passe a ser 'melhor' para o mesmo, deixando clara a idéia de um deus.

Anonymous said...

Embora entender o tempo como ciclo seja um avanço em relação a vê-lo como linha seja uma evolução, creio que ambas as visões ainda permanecem "geométricas", "corpóreas" demais...

Conclusões muito ligada ainda aos efeitos (como dizer que a terra é um plano) e condicionamentos do tempo.

Por exemplo, você afirma "É um movimento infinito de expansão e retração."... Ora, se o tempo é cíclico, em que Tempo retrair-se-á e expandirá novamente?

O mesmo para o big-bang... O vácuo em que a expansão e retração ocorreriam, que seria? Como se explicaria? Aí se diz: mas é a expansão da existência... Mas se algo se expande, se expande (aumenta de tamanho ou pelo menos tem velocidade) pra algum lugar, em algum lugar.


Refletindo a respeito, cheguei à conclusão (por ora) de que o tempo é, antes de tudo, algo dado necessariamente, se pelo menos o existir fundamental é uma verdade.

Tipo, o tempo pode, assim como tudo, ser explicado pela existência fundamental; mas, mais que isso, ele é corolário e ao mesmo tempo componente do que existe fundamentalmente.

Acredito que o caminho para se responder a essas qustões passa pela superação do caráter copóreo a que se submete nossa razão.

FABIO GABRIEL said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Ernesto von Ruckert said...

A concepção cíclica do Universo não significa um repassar do tempo sobre si mesmo, mas um avanço não necessariamente linear, mas progressivo. Todavia certas condições tornam possível a existência de curvas temporais fechadas no espaço-tempo e, então sim, poder-se-ia, indo sempre para o futuro, voltar-se a vivenciar momentos já passados. Mário Novello trata disso em seu livro "Máquina do Tempo" (Zahar). A possibilidade de tal coisa ser um comportamento global do Universo, que, após o "Big-crunch" voltaria não a um novo "Big-Bang", mas ao mesmo, repetindo-se indefinidamente, não é plausível, uma vez que a redução a uma singulidade destrói toda informação sobre a estrutura cósmica e, inclusive, o novo Universo que surgiria, poderia comportar-se de acordo com leis físicas inteiramente distintas das que se dão neste. No entanto, as mais recentes medidas da expansão do Universo indicam que ela será indefinida, levando a uma morte assintótica do Universo, em que o tempo deixará de passar. Isto implica também no fato de ter havido um início dos tempos, momento em que o conteúdo substancial e espaço-temporal deste Universo iniciou sua expansão. Em relação a este momento não haveria nenhum "antes", de modo que tudo teria surgido, então, sem provir de coisa alguma, sem causa e nem propósito. Não há necessidade de se supor nenhum Deus para explicar tal ocorrência. Ela foi inteiramente fortuita e poderia perfeitamente não ter se dado.

Anonymous said...

Já a algum tempo que partilho a mesma ideia. Tento desenvolver, sistematica e pacientemente (nas noites longas de insonia) o livro a que eu chamo de Infinitamente Ciclico. Mas qual caixa de pandora, quando mais me aproximo mais me afasto da tranquilidade da ignorancia ("felizes os ignorantes porque desconhecem" - da biblia). Não seria, simplesmente mais facil ser Ricardo Reis em vez de Alberto Caeiro (ver Fernando Pessoa)??

Sérgio, Coimbra-Portugal

Jânio Lima said...

Partilhamos da mesma ideia visto que já me acustumei sem fantasias de deus no inicio e no fim. A medida que a ciência evolui evoluimos juntos uma questão de tempo para ciência nós responder o que falta para ser respondido assim espero. Abraços!!

vandyckdaigh said...

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